Havia num
certo lugar uma comunidade composta de várias espécies de aves.
Todos viviam
em harmonia.
Os patinhos e
os marrecos nadavam todas as manhãs no lago, acompanhados dos cisnes e os
gansos.
As galinhas e
as peruas dividiam a tarefa de levar os filhotes para a escola, enquanto os
papagaios e as maritacas faziam a festa nas árvores, avisando sempre que algum estranho
se aproximava.
Certo dia,
uma cobra e uma hiena estavam andando por ali, quando, de repente, viram o
pavão.
Ao ver os
dois, imediatamente o pavão exibiu seu belo leque de penas coloridas.
A hiena
passou imediatamente a rir do pavão, enquanto a cobra lhe disse: - Você é muito
exibido.
É só ver
alguém que logo fica todo cheio de orgulho.
- Do que você
está falando?
Eu não sou
orgulhoso não.
Apenas estou
me espreguiçando...
- Que
espreguiçando que nada.
Eu conheço
você muito bem.
Todo mundo
por aqui sabe que você não pode ver alguém que logo fica todo assanhado.
- Espere um
pouco.
Você está
sendo maldosa comigo.
Eu nunca fiz
isso.
E, além do
mais, o que é bonito tem que ser mostrado mesmo? disse o pavão já um tanto
irritado.
- Viu só. E
depois diz que não é exibido.
Quem lhe
disse que este seu penacho é bonito?
Só porque é
um pouco colorido?
Bem que a
dona gansa disse que você era metido.
- A dona
gansa disse isso? Que fingida.
Ela sempre
disse que me achava muito bonito.
- Que nada...
ela é falsa.
Todos os dias
ela se reúne com a dona cisne e com a dona perua para falarem mal de você.
Disseram até
que já viram sua esposa paquerando o marreco que vive lá no lago.
- Que
infâmia.
Minha esposa
sempre foi fiel a mim.
Ninguém pode
falar nada dela? disse irritado o pavão.
A hiena, que
a tudo presenciava, continuava rindo sarcasticamente.
Vendo que
podia tirar algum proveito da situação, logo entrou na conversa.
- Olha seu
pavão, eu penso que a coisa está realmente feia para o seu lado.
Eu não queria
magoá-lo, mas a verdade é que ninguém gosta do senhor por aqui.
Todos o olham
com desprezo.
O galo disse
dia desses que está até com medo de que o senhor queira ocupar o lugar dele,
cantando para nos despertar pela manhã.
- Mas quem
disse que eu quero cantar?
Eu nem pio
direito?
- É? disse a
hiena? mas disseram que o senhor até foi fazer aula de canto para ocupar o
lugar do galo velho.
A maritaca e
o papagaio estão pensando em convocar uma assembleia da bicharada para tratar
do assunto.
E, não
querendo fazer fofoca, o senhor nem sabe o quanto o papagaio tem falado mal do
senhor.
Irritado com
tudo o que ouviu, imediatamente o pavão correu até onde estavam as outras aves.
Foi logo
dando bicadas no galo, no marreco e no papagaio.
Por outro
lado, sua esposa foi tirar satisfação com a dona gansa, com dona cisne e com a
perua.
Em poucos
minutos, só se via penas voando para todos os lados.
Enquanto
isso, a cobra e a hiena estavam de longe, assistindo a cena e rindo sem parar.
No final do
dia, muitas aves estavam machucadas.
Algumas
tiveram que se mudar de lugar devido à confusão.
Outras
ficaram morando por ali mesmo, mas sem conversarem umas com as outras.
Os filhotes,
que culpa alguma tinham no assunto, foram proibidos de conversar com as outras
espécies na escola e de brincarem juntos.
E o pavão, ficou
sem sua bela cauda, que foi arrancada durante a briga e sem a esposa, que o
abandonou, levando consigo os filhos, pelo fato de seu esposo ter acreditado
nas fofocas.
Já a cobra e
a hiena continuaram sendo amigas, até o dia em que a cobra picou a hiena, que mesmo
morrendo, continuou mantendo seu sorriso mórbido.
E a cobra
seguiu seu caminho, solitária e rastejando-se, até encontrar outra comunidade onde
pudesse destilar novamente seu veneno.
Pare e Pense.
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